Como a superexposição e o hype estão estragando o seu amor pelos games

 


Existem duas coisas que a internet insiste em misturar o tempo inteiro: qualidade e gosto pessoal. E, por mais óbvio que isso pareça, elas são coisas COMPLETAMENTE diferentes.

 

A ditadura do gosto “universal”

 

Os games nunca estiveram tão expostos. 

Trailers, cortes, reacts, thumbnails berrando. Você não precisa nem pesquisar. Os jogos vem até você de um jeito ou de outro, basta estar online. 

 É um toró de conteúdo que te bombardeia antes mesmo de você decidir se quer saber do jogo. 

E quando o hype explode, nasce junto a cobrança: se você não gostou, se não terminou, se não “sentiu” aquilo que todos estão dizendo sentir, o problema é você.

Já imaginou ter que explicar pra um normie que tal jogo simplesmente “não é a sua vibe”

Que o tal jogo até pode ser tecnicamente impecável, inovador, premiado, mas não conversa com você? A única coisa que a pessoa vai entender é: “Nossa, você é burro.”


Quando o hype destrói a relação com o jogo


Quando a obra-prima tem efeito contrário em você. 

A superexposição cria uma expectativa tão absurda que o jogo real raramente tem chance de sobreviver a expectativa que você criou na sua cabeça. 

Você entra no game sabendo demais, esperando demais, pressionado demais. E quando finalmente joga, já não está mais descobrindo, está só comparando o que vê com o que prometeram.

E é assim que o hype mata a magia. Ele rouba a surpresa, a autenticidade, aquela sensação íntima de encontrar algo que fala com você e só você.

 

O algoritmo matou as tribos


Antigamente, você gostava de um jogo porque encontrou uma demo aleatória, viu falando em uma resvista, ouviu de um amigo ou esbarrou num fórum obscuro. 

Hoje, você gosta porque foi empurrado para dentro de um funil de tendências.

O algoritmo decide o que é “bom”, o que é “ruim”, o que você deve jogar, e até o que deveria sentir. E o pior? Ele também decide o que você não pode gostar.

E se você pesquisar sobre esse game no Youtube, boa sorte, vai ser bombardeado com 300 mil spoilers antes mesmo de ter a chance de bloquear o assunto. 

 

Resgatar o amor pelos jogos é recuperar o próprio gosto

 

O que ninguém tem coragem de admitir é simples: você não foi feito para gostar de tudo. Ninguém foi. E está tudo bem.

Quem gosta de tudo, na realidade, não manja de nada.  

Quando você tenta acompanhar todo hype, você deixa de ouvir a única opinião que realmente importa: a sua. 

A relação com os games deixa de ser pessoal e vira performática. Você não joga porque quer; joga para não ficar “por fora”.

O resultado? Cansaço, frustração e a sensação de que nada mais é tão divertido quanto antes.

Lembra do paradoxo da escolha e da "Síndrome do PC Gamer". Ambas se encaixam aqui também. 

 

Conclusão: a saída é simples (mas difícil)

 

Para voltar a amar games, talvez você precise fazer o impensável: ignorar o hype

Jogar longe da galera do “todo mundo tem que gostar”. 

Redescobrir o prazer de encontrar algo que seja seu ,  e não do algoritmo.

Porque qualidade é uma coisa. Gosto é outra. 

E ninguém deveria ter que pedir desculpas por não gostar de um jogo popular.

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